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Imagem Google |
Um porco chamado velho Major reúne, no celeiro, todos os bichos e com um discurso afiado e uma canção “Bichos da Inglaterra”, acende em todos os “camaradas” o sonho de liberdade. Ele os convence de que precisam lutar contra aquela condição miserável de vida. Dias depois, o Major morre, mas outros dois porcos, Napoleão e Bola-de-neve dão continuidade ao seu ideal revolucionário – os porcos eram os mais inteligentes dos bichos. À nova ideologia dão o nome de animalismo. Certo dia, com fome e cansados de serem explorados, os animais expulsam o Sr. Jones e tomam a fazenda. Esta passa a se chamar Fazenda dos Bichos.
Sob a nova perspectiva criam sete mandamentos, os quais todos deverão seguir, entre eles: “qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo; nenhum animal matará outro animal e todos os animais são iguais.” Ao longo da história, no entanto, os mandamentos vão sendo modificados por Napoleão. Ele se torna o Líder após roubar o projeto de Bola-de-neve – a construção de um moinho - e o expulsar da fazenda. O poder lhe sobe à cabeça. Ele faz negócios com fazendeiros e passa a agir como os humanos. Os animais desobedientes são mortos. Por fim, o mandamento que fala a respeito da igualdade dos animais é reescrito. Torna-se “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”, denotando a superioridade e privilégio dos porcos em relação aos outros animais. É o fim dos ideais de igualdade, princípio da revolução.
Desta forma, com o tempo, sem se
darem conta, todos os outros bichos passam a ser manipulados e subjugados por
Napoleão. Ele conta com a ajuda de Garganta, outro porco, responsável por levar
aos bichos as ordens do líder. Resignados, os animais não reagem. A não ser as
galinhas que, vendo-se obrigadas por, Napoleão, a aumentar sua produção de
ovos, sob a liderança de três frangas - que depois são degoladas -, rebelam-se.
Elas quebram os ovos e são duramente reprimidas. O líder resolve deixar de
alimentá-las até que obedeçam suas ordens. Algumas morrem. As outras voltam ao
trabalho.
Como dito no inicio, a obra de
Orwell satiriza à União Soviética, no período da Revolução Russa entre 1930 e
1940. No documentário “A História da União Soviética” é nítida a semelhança
entre as atrocidades do sanguinário líder comunista Stálin, todo o contexto que
o envolve e os episódios do livro. Mortes, fome, injustiça. Durante quase uma
hora e meia, depoimentos e imagens chocantes revelam até onde um ser humano, em
nome de uma ideologia, é capaz de chegar. De acordo com o documentário, o
Socialismo de Karl Marx e Engels e o Nazismo de Adolf Hiltler caminham lado a
lado. Esses governos totalitários têm como finalidade, a construção de um novo
homem e de uma nova sociedade. Para isso, é preciso exterminar àqueles que não
se enquadram nos padrões estabelecidos por tais ideologias. Assim,
conforme o documentário, sempre que um regime totalitário se instala em
qualquer parte do mundo, 10% de sua população é dizimada.
No livro, os porcos representam
os líderes comunistas: Napoleão é associado a Stálin e Bola-de-neve a Trotski.
Homens com inteligência que chegaram ao poder para conduzir os desfavorecidos
social e economicamente. Os outros animais são essa população desemparada. Eles
são explorados e enganados; as informações que Garganta lhes dá são sempre
manipuladas. São trabalhadores “braçais” como o burro Benjamim que, apesar de
saber ler e perceber o que realmente acontece na fazenda, prefere cruzar os
braços. As ovelhas que não querem saber de aprender e só sabem repetir o lema
“Quatro pernas bom, duas pernas ruim”. O forte cavalo Sansão, seguidor servil e
fiel de Napoleão que trabalha sem descanso e acaba tendo um fim dramático.
Doente, ele é sacrificado. Como acontece nas ditaduras, aqueles que são contra
são exilados ou mortos. No livro, essas pessoas são representadas pelas
galinhas.
Em suma, as poucas páginas de “A
Revolução dos Bichos” dizem muito. Levam o leitor mais atento a profundas
reflexões. Não apenas sobre a União Soviética, o stalinismo, e o horror vivido
pela população naquele período, mas também sobre a vida. Sobre a sociedade, as
injustiças, a lei do mais forte, a opressão. E, sobretudo, é uma reflexão sobre
como alguns homens podem ser cruéis com seu próprio semelhante, quando
sucumbidos pela chama do poder, da ganância e do sentimento de superioridade.
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