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Segundo O Mapa da Violência 2012, elaborado pelo Instituto Sangari, entre
1980 e 2010, ocorreram 92 mil homicídios no Brasil. Deste total foram 43,7 mil
mulheres assassinadas, somente na última década. Ainda de acordo com o estudo,
há indícios - devido às circunstâncias em que as vítimas foram mortas, como uso
de objeto cortante, estrangulamento - de que a maioria ocorre por motivos
passionais.
O medo,
a vergonha e a humilhação são barreiras que impossibilitam denúncias por parte
das vítimas. Elas escondem o problema, perdoam seus agressores seguidas vezes,
sempre que estes se dizem arrependidos. Uma tragédia anunciada. Há, na cultura
Ocidental, grandes diferenças na criação de meninos e meninas. Elas são
ensinadas a lavar, cozinhar, a cuidar da casa. Eles têm tudo nas mãos. A comida
no prato, a roupa lavada, a cama forrada. Tudo feito pelas mães, namoradas e
esposas, ao longo de suas vidas.
A consequência desta forma
de criação é o pensamento de que as mulheres têm de viver para servir os
homens. Em a “Dialética da Solidão”, Octávio Paz diz que o homem vê a mulher
como objeto, inclusive ela mesma tem esta imagem de si. “A mulher sempre foi
para o homem o ‘outro’, seu contrário e complemento. (...) é um objeto,
alternadamente precioso ou nocivo, mas sempre diferente (...) ao submetê-la a
todas as deformações que seu interesse, sua vaidade, sua angústia e até mesmo
seu amor lhe ditam, o homem transforma-a em instrumento.”
A reflexão que Paz propõe
faz sentido. Basta olhar ao redor. O marido ou namorado ciumento que põe a esposa
ou namorada sob o seu controle, sua vigilância, como se ela fosse sua
propriedade. E quando as coisas não ocorrem como o esperado, ou seja, quando a
mulher decide se separar, em diversos casos, o crime é o caminho. Este
constitui agressões verbais, psicológicas, espancamentos, homicídio. De acordo
com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), foram
registrados, só no mês de Julho deste ano, 4.672 lesões corporais dolosas -
quando há intenção de matar – contra mulheres no Estado.
Para as
vítimas que sofrem ameaças de seus parceiros há, prevista na Lei Maria da Penha,
uma forma jurídica de proteção à mulher. A medida impede o acusado de se
aproximar dela ou de seus familiares. Conforme levantamento feito pelo Tribunal
de Justiça (TJ), entre janeiro e julho deste ano, a justiça concedeu 1.887 destas
medidas protetivas. De acordo com a análise, diariamente 9 mulheres agredidas na
capital obtêm proteção. Contudo, a Lei Maria
da Penha, embora venha contribuindo para a diminuição da violência, ainda não é
suficiente para inibir as ações dos agressores.
A mulher é fisicamente mais
vulnerável que o homem, o que a deixa em uma posição de desvantagem frente a
este. A situação é parecida em relação à profissão e ao dinheiro e os homens
ainda ocupam as melhores posições e os melhores salários no mercado de
trabalho. Neste sentido, quando ocorre o contrário torna-se difícil para eles
aceitarem uma condição de inferioridade frente a elas, não suportam a ideia de
serem comandados pelo sexo oposto.
Mas, mesmo com todos os
obstáculos, sociais, morais, econômicos ou sentimentais, a mulher deve
manter-se firme na busca por seus direitos e por seu lugar no mundo. Além
disso, faz-se necessária e urgente, uma educação menos desigual, para os
futuros homens e mulheres deste país com a finalidade de construir uma sociedade
mais justa, pautada, sobretudo, no respeito mútuo.
Adorei o texto Su!
ResponderExcluirÓtima correlação com Octávio Paz.
Nós estamos aqui para mostrar que as mulheres podem ser muito mais do que até mesmo nós imaginamos!
Obrigada, Mary.
ExcluirBj
MUITO BOM TEXTO!!! Ainda chegará o dia que todos terão vergonha que esta situação tenha existido e alegria pelo respeito que irá prevalecer.
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