Segundo a Prefeitura 800 mil
motocicletas circulam diariamente em São Paulo
De
acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), em balanço divulgado no
mês setembro, o número de acidentes fatais envolvendo motociclistas, na cidade,
retraiu 23%, no primeiro semestre de 2012 em relação ao mesmo período de 2011
que teve 275 mortes contra 211 neste ano. Entre os motivos da retração, segundo
o órgão estariam à fiscalização e à proibição da circulação de motos nas pistas
expressas da marginal Tietê.
De acordo com Cané, o problema
dos acidentes está além do desrespeito às leis de trânsito. O ativista conta
que em reunião com o DETRAN juntamente com a Associação Nacional de Transporte
Público (ANTP), a infraestrutura foi uma das principais preocupações colocadas
em pauta para constarem no plano do governo. “São avenidas recapeadas com
bueiros sem tampas, desníveis, faixas escorregadias, buracos. Além disso,
devemos considerar que o motoboy está cumprindo prazos e por isso vai acelerar
cada vez mais e tudo isso potencializa os acidentes,” acredita.
“Já perdi muito serviço,
por não ser tão rápido, mas estou vivo. Muitos amigos meus, que trabalhavam
comigo estão no cemitério e outros de cadeira de rodas, adiantou correr tanto?” Indaga
Eduardo Passos, 31, profissional do moto-frete há quase dez anos. Para ele a
culpa por boa parte dos acidentes envolvendo motos é dos empresários, donos de
empresas de motoboys, que exigem cada vez mais velocidade nas entregas. Isso
acompanhado de um trânsito caótico e falta de infraestrutura, eleva
consideravelmente o número de acidentes.
Para o músico e motociclista
Arlen Ribeiro, motos e carros não deveriam circular no mesmo espaço, já que os
veículos maiores deformam ruas e avenidas. “Não é possível um veículo que não
tem carroceria, (para-choque) conviva com outro que tem, pelo menos, nas vias
de maior velocidade, neste caso, deve-se construir moto-faixas”, diz. Cané
argumenta que é preciso pensar em políticas de investimento em transportes
públicos, já que a cidade não tem espaço para a construção dessas faixas
exclusivas.
No que diz respeito ao corredor
entre carros, ônibus e caminhões, por onde passam as motocicletas, Cané
acredita que o corredor pode ser seguro, desde que se respeite os limites de
velocidade. Para ele, não é preciso proibir as motos de circularem nesse
espaço, mas regulamentar. Com isso, seria possível reduzir os acidentes.
O Deputado Federal Inocêncio
Oliveira (PR/PE) propõe no projeto de lei 3626/2012 “A obrigatoriedade do
motociclista circular pelo centro da faixa de trânsito. Proíbe a tomada do
"corredor" pelos motociclistas”. Em outras palavras, as motos
devem ficar atrás dos carros. De acordo com Ribeiro, a projeto já passou
em primeira instância e está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
para ser votada. Conforme o motociclista a proposta é equivocada, pois “não há
uma conversa com a opinião pública, com quem convive com o problema
cotidianamente. Eles simplesmente vão criando as leis e a gente vai aceitando”,
critica.
Passos também acredita que caso o
projeto seja aprovado, a situação do profissional do trânsito, assim como
daquele que precisa de seus serviços, se complicará. “Se isso acontecer São
Paulo vai parar, com certeza. Imagina levar um documento urgente no fórum
Central, como é que o motoqueiro vai atrás do carro se o juiz está lá
aguardando o documento”, opina.
“A intenção é boa, mas é
inviável, não há a menor possibilidade deste projeto prosperar, pois ela
complica a mobilidade urbana, faltou uma avaliação técnica ”, acredita. Cané
chama atenção para os índices de congestionamento, que segundo números oficiais
chega a picos de 200km. O mapeamento, de acordo com o ativista, é feito por
meio do monitoramento de apenas 3% das vias. “Agora pensemos em 800 mil motos
circulando diariamente pelas ruas e ocupando o espaço de um carro, sem contar a
distância de segurança de um veículo para outro. Além disso, os dois veículos
tem tempos de frenagem diferentes”, considera.
O ativista aponta a necessidade
de campanhas educacionais, que mostrem aos motociclistas os riscos que podem
encontrar nas vias. Pois boa parte deles, não tem conhecimento sobre os
desníveis, recapeamentos e pedriscos que podem causar acidentes fatais. Além de
se apresentar propostas a médio prazo, de investimento em educação. “O
motociclista tem que aprender a respeitar a legislação. Tem que exercer a
cidadania sob todos os aspectos. A partir do momento em que se conhece os
riscos e se respeita a legislação consegue-se melhorar as condições de
segurança no trânsito”, assegura. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, a
morte de motociclistas é o fator que mais preocupa os administradores do
trânsito da cidade.
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