sexta-feira, 26 de abril de 2013

Oblivion: "É possível sentir falta de um lugar que você não conhece?"

Foto divulgação - Oblivion
Após gerar grande expectativa nos amantes do gênero de ficção científica, o filme Oblivion, estrelado por Tom Cruise, astro da imperdível trilogia Missão Impossível, chega às telonas. Quem gosta de ver Cruise em ação em longas-metragens de tirar o fôlego pode estranhar esta narrativa que segue num ritmo menos intenso, diferentemente das películas que desde o início marcaram e projetaram o ator para sua carreira de sucessoTambém fazem parte do elenco Morgan Freeman, Olga Kurylenko, Andrea Riseborough e Melissa Leo.
    Com um orçamento de US$ 120 milhões, o longa é o segundo trabalho de ficção científica de grande importância do diretor Joseph Kosinsk, que também assina o roteiro ao lado de Willian Monahn. O primeiro foi Tron - O Legado, de 2010. Oblivion significa esquecimento, perda de memória, e antes de virar roteiro de cinema foi uma HQ criada por Kosinsk.
       A história se passa em 2077 e Cruise é Jack Harper, um dos últimos seres humanos do planeta. Um homem sem lembranças numa terra devastada. Nesse contexto, a lua foi destruída por alienígenas e, assim, a Terra foi arrasada por tsunamis, terremotos e pelas mãos do próprio homem, após longos períodos de guerras nucleares, tornando-se inabitável. Os sobreviventes foram viver numa colônia lunar em Saturno. Harper, ao lado da fria Victória (Andrea Rosebourogh), trabalha na manutenção dos equipamentos de segurança, os chamados drones, que protegem a terra contra possíveis ataques dos seres extraterrestes. A missão já está quase no fim, no entanto, tudo muda quando Jack salva Julia (Olga Kurylenko), uma bela e misteriosa mulher que sempre aparecia em seus sonhos, de uma nave que caiu. A partir daí, ele passa a se questionar sobre o que realmente é verdade na sua vida.
       O filme peca em alguns aspectos. Morgan Freeman, no papel de Malcolm Beech, por exemplo, está morno e um pouco apagado. Além disso, em certos momentos, a história oscila, perde o pique e fica um tanto confusa. Segundo Kosinski, Oblivion é uma grande homenagem aos filmes de ficção científica dos anos 70, como O exterminador do futuroAlien, o 8º passageiro e 2001: Uma Odisseia no espaço. Sob esse ponto de vista, o longa tinha potencial para ir além. Por outro lado, por ser um tributo a outros filmes, pode ser que ele não tenha sido tratado com a profundidade que merecia.
      A boa notícia é que nem tudo está perdido, pois Tom Cruise, com todo seu carisma, consegue transmitir, em pouco mais de duas horas de filme, sua angústia existencial, simplicidade e até certo romantismo e nostalgia em relação à vida na Terra, como mostra o seguinte trecho: “A terra é uma lembrança pela qual vale a pena lutar”. Cruise, mais uma vez, faz jus ao status que carrega. É um ator que brilha em qualquer cenário: aventura, ação, romance, comédia sem perder o charme. É importante notar que este não é o primeiro filme de ficção científica de Tom Cruise: em seu currículo constam histórias como Minority Report, de 2000, e Guerra dos Mundos, de 2005.
      A fotografia do diretor de arte chileno Claudio Miranda, vencedor do Oscar 2013 pelo filme As aventuras de Pi, ganha destaque. As paisagens que compõem a narrativa estão pautadas nos contrastes que vão desde lugares desertos, cinzas e frios, que passam a sensação de abandono e desolação, até a linda paisagem verde e cheia de vida, para onde o personagem gosta de ir. Ali, numa espécie de cabana, de frente para um lago em meio à natureza, Jack Harper guarda livros, discos, plantas e outros objetos que encontra em meio às ruínas. O lugar é seu paraíso. As máquinas futuristas de altíssima tecnologia, como uma moto e um aerobolhas com traços leves e claros quase transparentes também ajudam a compor um visual interessante e agradável.    
       Oblivion pode não ser um filme excelente, mas também não é ruim. Há mais acertos que erros. E algo positivo que deve ser observado é que, embora essa não seja a intenção do filme, o espectador é levado a refletir sobre sua existência e sua interioridade, e em como seria difícil não lembrar, não ter recordações dos momentos que viveu, das pessoas que amou, das coisas que gostava de fazer. Ora, um homem sem lembranças é um ser vazio. Uma pessoa atenta deve se questionar como Jack se questiona: será que “é possível sentir falta de um lugar que você não conhece? Lamentar por uma época que você nunca viveu?”. Talvez nesta pergunta esteja o verdadeiro sentido de Oblivion.

FICHA TÉCNICA

Direção: Joseph Kosinski
Roteiristas: Joseph Kosinski, Karl Gajdusek
Gênero: Ficção Científica
Duração: 126 min.
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estreia: 12 de Abril de 2013
Elenco: Tom Cruise, Morgan Freeman, Melissa Leo, Nikolaj Coster-Waldau, Olga Kurylenko, Nikolaj Coster-Waldau, Zoe Bell, Andrea Riseborough, James Rawlings, Catherine Kim Poon.


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