quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

           A mulher tem ocupado importantes espaços na sociedade brasileira. Ela emancipou-se. Deixou de lado a submissão e foi à luta em busca de seus próprios interesses. No entanto, não deixou de ser subjugada. Ela ainda é vítima do preconceito machista, seja no trabalho, pelo chefe e até mesmo dentro de casa, pelo cônjuge ou namorado, o que constitui a violência doméstica. Uma boa parte dos homens não aceita a independência feminina e muitos casos de agressão contra a mulher nascem a partir desta ignorância.
Segundo O Mapa da Violência 2012, elaborado pelo Instituto Sangari, entre 1980 e 2010, ocorreram 92 mil homicídios no Brasil. Deste total foram 43,7 mil mulheres assassinadas, somente na última década. Ainda de acordo com o estudo, há indícios - devido às circunstâncias em que as vítimas foram mortas, como uso de objeto cortante, estrangulamento - de que a maioria ocorre por motivos passionais.
  O medo, a vergonha e a humilhação são barreiras que impossibilitam denúncias por parte das vítimas. Elas escondem o problema, perdoam seus agressores seguidas vezes, sempre que estes se dizem arrependidos. Uma tragédia anunciada. Há, na cultura Ocidental, grandes diferenças na criação de meninos e meninas. Elas são ensinadas a lavar, cozinhar, a cuidar da casa. Eles têm tudo nas mãos. A comida no prato, a roupa lavada, a cama forrada. Tudo feito pelas mães, namoradas e esposas, ao longo de suas vidas.
A consequência desta forma de criação é o pensamento de que as mulheres têm de viver para servir os homens. Em a “Dialética da Solidão”, Octávio Paz diz que o homem vê a mulher como objeto, inclusive ela mesma tem esta imagem de si. “A mulher sempre foi para o homem o ‘outro’, seu contrário e complemento. (...) é um objeto, alternadamente precioso ou nocivo, mas sempre diferente (...) ao submetê-la a todas as deformações que seu interesse, sua vaidade, sua angústia e até mesmo seu amor lhe ditam, o homem transforma-a em instrumento.”
A reflexão que Paz propõe faz sentido. Basta olhar ao redor. O marido ou namorado ciumento que põe a esposa ou namorada sob o seu controle, sua vigilância, como se ela fosse sua propriedade. E quando as coisas não ocorrem como o esperado, ou seja, quando a mulher decide se separar, em diversos casos, o crime é o caminho. Este constitui agressões verbais, psicológicas, espancamentos, homicídio. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), foram registrados, só no mês de Julho deste ano, 4.672 lesões corporais dolosas - quando há intenção de matar – contra mulheres no Estado.
Para as vítimas que sofrem ameaças de seus parceiros há, prevista na Lei Maria da Penha, uma forma jurídica de proteção à mulher. A medida impede o acusado de se aproximar dela ou de seus familiares. Conforme levantamento feito pelo Tribunal de Justiça (TJ), entre janeiro e julho deste ano, a justiça concedeu 1.887 destas medidas protetivas. De acordo com a análise, diariamente 9 mulheres agredidas na capital obtêm proteção. Contudo, a Lei Maria da Penha, embora venha contribuindo para a diminuição da violência, ainda não é suficiente para inibir as ações dos agressores.
A mulher é fisicamente mais vulnerável que o homem, o que a deixa em uma posição de desvantagem frente a este. A situação é parecida em relação à profissão e ao dinheiro e os homens ainda ocupam as melhores posições e os melhores salários no mercado de trabalho. Neste sentido, quando ocorre o contrário torna-se difícil para eles aceitarem uma condição de inferioridade frente a elas, não suportam a ideia de serem comandados pelo sexo oposto.
Mas, mesmo com todos os obstáculos, sociais, morais, econômicos ou sentimentais, a mulher deve manter-se firme na busca por seus direitos e por seu lugar no mundo. Além disso, faz-se necessária e urgente, uma educação menos desigual, para os futuros homens e mulheres deste país com a finalidade de construir uma sociedade mais justa, pautada, sobretudo, no respeito mútuo.

3 comentários:

  1. Adorei o texto Su!
    Ótima correlação com Octávio Paz.
    Nós estamos aqui para mostrar que as mulheres podem ser muito mais do que até mesmo nós imaginamos!

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  2. MUITO BOM TEXTO!!! Ainda chegará o dia que todos terão vergonha que esta situação tenha existido e alegria pelo respeito que irá prevalecer.

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