quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Paisagem da janela - um olhar sobre a realidade

V. Brasilândia - SP
 Da janela vejo a cidade de São Paulo. Não é a cidade toda, logicamente, é só um fragmento dela. Mas, embora seja apenas um fragmento desta metrópole  é uma paisagem bastante significativa, pois representa parte de uma triste realidade. Qual realidade? Aquela dos excluídos, dos marginalizados e felizes personagens, de uma existência falida. Pessoas que acordam de madrugada, enfrentam filas, ônibus lotado, tráfego caótico para chegar ao trabalho e garantir o sustento da família. Em cada casinha inacabada, uma história para contar. Uma mãe que perdeu o filho para as drogas. Uma mulher que perdeu o marido para o crime. Uma adolescente que será mãe, antes de terminar o ensino médio, a criança que será criada pela avó, e depois dessa  criança virá outra e outra  que, cedo ou tarde, será consumida pelo seu meio, sem uma única chance de tentar enxergar um mundo diferente. Em cada puxadinho, um novo começo e um modo de viver sem novidades, a não ser o novo aparelho de celular, o Ipod, o televisor, o computador, tudo comprado em 14 vezes (sem juros) ledo engano. 
V. Brasilândia - SP
Não há educação, mas há televisão, com seus programas de emburrecimento, embrutecimento e condicionamento. O salário não é suficiente para um plano de saúde, um tratamento dentário, no entretanto, é o bastante para a parcela da antena parabólica, do canal pago. Enquanto a TV dita a moda do momento, vão-se os dentes, a saúde, a educação, o prazer em viver. Sim, porque o que toda a gente pensa ser felicidade, nada mais é, que acomodação, passividade. O povo (sobre)vive e morre sem saber o que é viver. As grandes "comunidades" transformam as paisagens. Enquanto não houver consciência da população sobre o seu papel na sociedade, não haverá justiça. enquanto não cessar a ilusão, não haverá esperança de um país onde prevaleça a igualdade. Em suas casinhas e puxadinhos inacabados, o povo dorme e mesmo dormindo não sabe sonhar, porque está agarrado à fantasia e a fé de que tudo dará certo. Deus vai ajudar. E neste sono profundo de olhos abertos e mente cerrada, segue de um lado para o outro, em círculos de geração em geração. Enquanto isso, os poderosos riem, cantam e dançam sobre as cabeças que não sabem pensar. 

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